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WEBINAR | Volta às Aulas em uma Era de Distanciamento Social 

An event summary in English is available for download below.

Date & Time

Wednesday
Jul. 8, 2020
9:00am – 10:30am ET

Overview

 A pandemia do Covid-19 forçou governos ao redor do mundo a fecharem suas escolas físicas e se adaptarem à aprendizagem remota. No Brasil, mais de 180.000 escolas do ensino fundamental e médio estão fechadas por causa do Covid-19. Por volta de 47 milhões de alunos — e seus pais e professores — estão descobrindo como aprender virtualmente. Embora seja um periodo desafiante — com desigualdades em termos de accesso à internet e computadores, e com dinâmicas familiares afetadas — muitas escolas públicas e privadas têm conseguido se adaptar.

Com o segundo semestre batendo na porta, está cada vez mais claro que os efeitos da pandemia do Covid-19 não são temporários e que a volta dos alunos às escolas não será uma volta ao “normal.”

Como será a educação no Brasil em um mundo com Covid-19? Quais são as lições aprendidas do primeiro semestre? O que as escolas e educadores podem fazer para não perder o ano letivo? Essa é a principal pergunta no debate de legisladores e educadores sobre como educar alunos brasileiros na segunda metade do ano escolar, enquanto o novo coronavírus continuar sendo uma ameaça. Ao mesmo tempo, a crise tem aberto espaço para uma discussão mais alargada sobre soluções criativas e inovadoras para os desafios educacionais de longo prazo do Brasil.

Abertura

Ricardo Zúñiga, Diretor Interino do Brazil Institute
Daniel De Bonis, Diretor de Políticas Educacionais da Fundação Lemann

Moderadora

Lúcia Dellagnelo, Diretora-Presidente do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB)

Painel

Patricia Ellen da Silva, Secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo
Rafael Lucchesi, Diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Diretor-Geral do SENAI/DN e Diretor Superintendente do SESI/DN
Ricardo Prado Schneider, Chief Scientific Officer da Somos Educação 
João Leal, CEO e Co-Founder da Árvore Educação

Citações Selecionadas

  • (07:25) "Outro ponto de atenção que a pesquisa mostra e está nos preocupando bastante, em relação a retomada das aulas, é a possibilidade de evasão ou de um certo desalento das famílias em relação ao processo educacional. Esse talvez seja o problema mais grave que a gente possa ter agora nesse processo de retomada."

    (08:22) "A gente precisa, de fato, como sociedade pensar como engajar as famílias, a sociedade, a sociedade nesse esforço de que, sim, é preciso voltar às aulas o quanto antes e é preciso que as famílias também estejam engajadas com a importância desse processo. Evidente que com todas as preocupações e cuidados sanitários e de saúde."

    (10:41) "Os grandes desafios que a gente vai ter a partir desse processo de retomada e acho que talvez a principal mensagem que a gente tem que ter em mente, é que não é uma volta ao status quo anterior. Não é uma volta das férias. Vai ser, realmente, um processo complexo, gradual, com uma logística muito complexa. A gente vai ter que pensar no acolhimento dessas famílias que vão estar muito inseguras em colocar seus filhos e expor seus filhos, os professores vão estar muito inseguros de retornar. Então tudo isso tem que ser levado em conta. Além de tudo, a gente não pode perder de vista que esse processo de aprendizado ele tem que seguir, ele tem que dar conta de recuperar esses prejuízos por que o prejuízo no longo prazo pode ser muito grande."

  • (14:28) “Na análise desses dados, um aspecto ficou muito marcado, ficou muito evidente, que é a desigualdade. E a desigualdade em duas dimensões: desigualdade entre a capacidade técnica das secretarias de elaborarem, estruturarem e implementarem essas estratégias remotas de aprendizagem e...a desigualdade de acesso dos alunos, tanto à equipamentos quantos à conectividade.”

    (15:18) “Então, no geral, eu acho que a avaliação é que as redes de ensino brasileiro mostraram uma grande resiliência. Né, A gente sempre fala dos problemas, nós especialistas de educação, mas a resposta pandemia foi surpreendentemente rápida. E, em março, a maioria das redes do ensino, tanto municipais quanto estaduais, já estavam planejando o que fazer, sem ter ainda muito claro quanto tempo as escolas ficaram fechadas, quais seriam as demandas; mas essa proatividade foi algo muito surpreendente principalmente nos cenários onde a gente não tinha um ente federal, ou ente nacional exercendo uma liderança forte nessa questão da resposta à pandemia.”

    (16:57) “E isso, eu acho, que esse tema da desigualdade tem que ficar muito claro, e está, eu acho, muito claro para todos nós, porque ele mostra a importância de países que têm uma política de tecnologia educacional bem estruturada, flexível para poder atender os diferentes contextos, das regiões e as demandas locais, mas que exista investimentos em infraestrutura em larga escala para possibilitar criar as condições possíveis da tecnologia ser utilizada realmente em favor de educação.”

  • (20:17) “Nós criamos na sequência o conselho econômico, também é outro órgão consultivo...e foi muito interessante ver que o trabalho criado junto com eles...foi muito importante percebe que o resultado das análises que eles fizeram sempre era muito parecido, no sentido de que não há de conto-me primeiro lugar entre saúde e economia. A melhor forma da gente avançar e de ter uma retomada sustentável é também preservando vidas nestes momentos.”

    (22:23) “Especificamente no caso do estado, o plano São Paulo nós ajudou a dar próximo passo de atendimento do comportamento regional e territorial, é no início nós tomamos as decisões sempre por estado como todos, e com que foram dados sendo levantados, integrados, com solidados, nós podemos evoluir por um modelo, é tério genial regionalizado da aplicação da quarentena e das medidas estrutivas para que pudéssemos iniciar também processo de retomada de atividades onde era possível e de endurecimento das medidas estrutivas onde era necessária.”

    (23:44) “A educação é nossa última fronteira na contenção da pandemia. Nós sabemos que as crianças em geral são assintomáticas, por sorte não impacto menor, mas entre tantos são ali um ponto crítico para contaminação...e é difícil ter um olhar regionalizado para educação.”

    (24:17) “Então plano dos protocolos de retorno da educação, aqui no estado de São Paulo, eles respeitam faseamento do plano São Paulo mas com um olhar aqui onde nós precisamos ter um grande avanço de controle da pandemia no estado como todos. Por isso que nós temos aqui a regra básica do início da retomada das aulas a parte de um momento onde o estado inteiro está com quatro semanas na fase amarela. Então essa é a sínteses do trabalho que está sendo planejado hoje.”

    (27:01) “O primeiro [ponto] é entender que o aluno quando tá na escola, em especial na rede pública, ele não está só estudando. Ele está sendo acolhido, ele tem acesso à comida, tem toda uma estrutura de gestão familiar que ela é impactada pela vida na escola.”

    (27:53) “Com é que é que a gente pode ter acesso direto para essas famílias entender o texto mais amplo da educação no ambiente de tanta desigualdade que nós temos à nossos estados.”

    (29:16) “Um modelo do como é que a gente pode acelerar esse processo de implementação do quinto itinerário, alavancando altas tecnologias para apoiar esses alunos nesse processo que vai ser fundamental inclusive para a retomada econômica de qualificação técnica."

    (29:54) “Nós não estaríamos conseguindo sobreviver essa pandemia sem ciência, sem dados e as nossas universidades estão sendo fundamentais neste processo.”

  • (36:45) "No Brasil, eu acho que a gente tem uma situação, a como bem demonstrou a pesquisa Lemann, feita pela Datafolha, e os comentários iniciais da Lúcia, nós temos aí um esforço grande da rede, a que está tentando fazer frente a essa realidade, com as assimetrias. Nós temos a realidade de São Paulo, do governo do estado, com muito mais infraestrutura, com competências reunidas já de muito tempo, e situações muito mais adversas em outras unidades da Federação."

    (37:22) "Nós temos um problema que é esse retrocesso das assimetrias da realidade brasileira com o agravamento da recessão. Quero destacar isso porque, entre 2014 e 2020, nós vamos ter uma redução de pelo menos 20 por cento da renda per capita. Em um país de renda média baixa, é 20 por cento a menos de feijão sobre a mesa."

    (38:18) "O ensino remoto ele tende claramente a ampliar as nossas assimetrias, a impactar no aprendizado das famílias, sobretudo de baixa renda, que é a maior parte da população e que já tem uma qualidade baixa, que já evade mais a escola e que tem dificuldade de acompanhar o fluxo normal idade/série. Nós temos lacunas pedagógicas claras, nós temos ritmos diferentes por conta do aprendizado remoto e no retorno haverá um esforço grande de nivelamento para compensar essas diferenças."

    (38:59) "A grande questão que se coloca é a figura central no processo educacional que é o professor. Então, nós temos que centrar força na formação dos professores e é importante dizer que oito em cada dez professores não se sentem aptos e se declaram com dificuldade de fazer o ensino remoto."

    (40:10) "Com relação ao retorno, nós temos um grande desafio que é conter a evasão. E a pesquisa Lemann já coloca esse alerta que um terço das famílias pensam em dar esse ano como perdido e já pensar em 2021, o que seria muito ruim."

    (40:39) "Os sistemas educacionais têm que ter uma leitura diferente desse ano para não agravar ainda mais os prejuízos que aqui a juventude [está submetida], especialmente a juventude de baixa renda. Conter a evasão por conta dessa paralisação, pelo desinteresse, pelo aprofundamento da recessão e a crise econômica e social, será um desafio adicional da atuação das redes educacionais, especialmente a rede pública."

    (41:42) "Há também nesse processo de retorno um crescente interesse com relação aos cursos on-line, especialmente os cursos semipresenciais. E aí ganha força uma coisa que a Patricia colocou da educação profissional. Eu acho que é uma oportunidade que tende a se afirmar. Fora isso, eu acho que a gente vai meio que desmistificar uma postura muito reativa do sistema educacional, com assimetrias, mas no Brasil a gente pode observar isso, com relação ao uso das tecnologias. A telepresença acho que veio para ficar, a mediação tecnológica… não é distribuir equipamento, não é distribuir hardware. Mas são plataformas educacionais utilizando tecnologias avançadas como o estudo adaptativo, que reduz muito a reprovação, que você tem um acompanhamento mais eficaz do progresso e do domínio das competências pelos estudantes. A interpretação hoje [de] devices, equipamentos que interpretam voz natural, a câmera que consegue identificar concentração do aluno e essa relação de parcerias abertas com plataformas tecnológicas."

    (43:11) "Nós temos então a possibilidade de ter um aprendizado personalizado a partir do uso dessas tecnologias, com plataformas adaptativas em que você pode ter mais aprendizado em menor tempo. E é claro que a figura central disso certamente serão os professores. Os professores precisam ser capacitados e esse é o grande desafio."

    (43:42) "Voltando a questão da educação técnica, nós temos uma enorme oportunidade, que é o itinerário cinco do ensino médio. O Brasil tem uma distorção brutal na sua matriz educacional. Nós temos menos de 10 por cento dos jovens de 15 a 17 anos que fazem educação técnica profissional, contra a média dos países desenvolvidos que é acima de 50 por cento. E é claro que isso vai impactar em dois problemas: a baixa produtividade dos trabalhadores brasileiros- nós precisamos de quatro trabalhadores para equivaler a produtividade de um trabalhador norte-americano, ou três brasileiros para um alemão- e o segundo problema é que nós estamos vivenciando uma transição demográfica muito rápida e isso agrava ainda mais o problema de baixa produtividade. Nós não vamos retomar o caminho do desenvolvimento sustentável sem resolver esse problema de produtividade."

    (1:22:48) "O debate no Brasil ainda sobre o uso de tecnologia é um debate atrasado, e eu acho que essa pandemia vai transformar isso."

  • (01:05:53) "A pandemia trouxe vários problemas, evidenciou vários problemas na nossa cara, mas a gente não pode esquecer de problemas estruturais que estão aí."

    (01:07:28) "Se a gente fosse um país leitor, nós estaríamos vivendo essa crise de uma maneira diferente, nossas discussões seriam outras. A Arvore nasce a partir desse contexto. Então, querendo acreditar e possibilitar que todas as pessoas, de fato, tenham acesso à leitura."

    (01:10:38) "A gente vê uma adoção muito rápida, como nunca, das redes públicas, e aqui é uma fala de rede pública indo atrás de soluções com tecnologia para apoiar o ensino à distância em um momento como esse. A gente obviamente teve que se adequar internamente, então a gente mexeu em muitas coisas: todo o processo de formação inicial que a gente faz, capacitação, assessoria pedagógica. Desde então, para as redes públicas que normalmente eram muito presenciais, passaram a serem 100 por cento remotas e é muito legal ver a receptividade das redes."

    (01:11:47) "A gente não acredita que exista uma bala de prata em educação, principalmente em um momento como esse para resolver todos esses nossos problemas. Esses problemas que estão hoje, que estão evidentes com a pandemia, eram problemas já estruturais, isso já acontecia, a gente já tinha problema de infraestrutura grande, um problema de condições de trabalho, de conectividade. Eu acho que agora eles só estão escancarados na nossa cara."

    (01:12:27) "Principalmente na frente de pessoas como eu, eu me coloco nesse lugar também, que é uma pessoa que vive em cidade grande, que de certa forma a gente fica cego ou volta à essa cegueira de uma maneira muito rápida, porque essas barreiras que esses professores enfrentam não são a nossa realidade do dia-a-dia."

    (01:12:54) "Isso funciona em condições muito precárias? Em salas de aula sem nenhuma infraestrutura? Em celulares muito antigos, que foi um outro ponto que vocês trouxeram também? Então a gente não pode esperar o fluxo normal das coisas para que essas condições estejam equacionadas para todos os alunos em todas as realidades do Brasil."

    (01:13:19) "Se as ed-techs de fato querem ajudar o Brasil de maneira relevante a mudar o percurso da educação, a gente precisa olhar a área pública."

    (01:15:27) "A gente precisa dar acesso ao livro e a leitura de forma acessível e democrática para todas as alunas e para todos os alunos. A gente quer que esse acesso não seja uma barreira entre um aluno de uma escola grande de São Paulo, do Rio, de uma escola privada, que é super legal, mas esse acesso precisa ser igualmente para um aluno ou uma aluna de uma escola ribeirinha, por exemplo, de Manaus."

    (01:16:11) "Quando eu penso em uma volta, que foi sua última pergunta Lúcia, eu acho que nunca mais vai ser como antes. Eu acho que a tecnologia chegou para ficar de vez. É super importante. Mas ela precisa chegar de uma maneira igual para todos, por que essa distância não pode se acentuar em um cenário como esse. Então a gente está bem preocupado com isso, a gente entende nossa responsabilidade no processo, a gente sabe que a gente não muda o jogo sozinho. Mas é importante a gente fazer o que está ao nosso alcance para atender todas as realidades diferentes."

  • (50:37) "A gente saltou, do final do ano passado, do Plurall ter 300 mil alunos e cerca de 30 mil professores, para o Plurall estar agora com 1 milhão e 300 mil alunos e 100 mil professores. Só que em um nível de uso muito maior do que antes, porque ele virou toda a operação da escola nesse momento de quarentena."

    (51:39) "O principal legado que ficou foi o engajamento dos professores. Os alunos, como nativos digitais, sempre tiveram facilidade de engajar o Plurall. Mas todas as funções que dependiam do professor ter um papel ativo é mais difícil, o professor é muito sobrecarregado, é mais difícil para ele abraçar aquilo. Claro que existem assimetrias aí também, professores que têm mais facilidade e tudo. Mas a partir do momento que não tinha outra opção, os professores tiveram uma tremenda coragem, paciência e resiliência de abraçar aquilo. Acreditando mais ou menos naquilo, tendo facilidade maior ou menor. A gente proveu um nível de apoio o maior possível para isso, com lives, treinamento e tudo mais, mas esse embarque dos professores é uma coisa que não volta mais."

    (54:04) "Algumas dificuldades essenciais pro retorno, expandindo um pouco uma coisa que o Lucchesi falou, são as assimetrias novas que surgiram. Quando um grupo de alunos frequenta a mesma escola e a mesma sala de aula, você tem um nivelamento das condições de estudo, pelo menos no que tange o momento em que ele está em aula, que é uma parte grande do dia desse aluno. Quando isso tudo vai pra casa, essa assimetria é muito grande, tem condições diferentes na casa. Uma coisa é ter uma condição em casa para fazer o dever de casa, para estudar complementarmente, mas agora a escola toda opera na casa dele."

    (54:42) "[São] assimetrias do apoio que cada família consegue dar, pelas condições de trabalho e de proximidade com a educação dos filhos, a condição física que ele tem, o nível de conectividade que ele tem, o equipamento que ele tem disponível alí. Então novas assimetrias surgiram entre alunos que antes passavam a maior parte do dia na mesma sala de aula com as mesmas condições."

    (55:03) "E tem assimetrias dos professores também. Por mais que os professores, em massa, tenham sido muito corajosos, resilientes e dedicados a fazer o melhor possível, tem gente que teve mais facilidade e tem gente que teve mais dificuldade. A gente tentou equalizar isso com muito treinamento, muito material de apoio, mas existem novas assimetrias também. Todos esses professores estavam acostumados, de uma maneira mais uniforme que agora, a dar uma boa aula presencial. E a condição deles de traduzir essas metodologias para aulas à distância e ferramentas assíncronas complementares gera novas diferenças. Vai ter uma importância muito grande a elaboração de avaliações para o retorno, para a gente poder tratar de maneira diferente o resultado dessas assimetrias."

    (1:00:17) "A educação não se valeu tanto desse avanço da ciência. Claro que houve avanços significativos, mas a gente sente que a educação se valeu menos em relação à ciência. E a boa notícia é que tem muita ciência pronta, consolidada, que pode ser simplesmente aplicada a educação."

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